O hype acabou: IA no Brasil entra na era da responsabilidade e da governança

O novo AI Security Report, divulgado pela Check Point Software Technologies, marca um ponto de inflexão no debate sobre o uso da inteligência artificial no Brasil. O documento, que reúne análises de executivos, especialistas em cibersegurança e líderes de inovação, aponta que a fase de entusiasmo cego com a IA — marcada por adoções rápidas e sem planejamento — está ficando para trás. O país começa a enfrentar o desafio da maturidade tecnológica: usar a IA de forma estratégica, segura e ética.

Segundo o relatório, mais de 70% das empresas brasileiras já utilizam alguma forma de inteligência artificial em seus processos internos ou em contato com clientes. Porém, apenas uma pequena parcela delas possui políticas claras de governança, controle de dados e auditoria de modelos. Essa lacuna abre espaço para riscos crescentes, como o uso indevido de informações sensíveis, decisões enviesadas por algoritmos e ataques de engenharia social potencializados por IA generativa.

A Check Point destaca que o debate sobre IA nas corporações brasileiras está evoluindo — deixando de lado a simples busca por eficiência ou automação e passando a priorizar segurança, transparência e responsabilidade. Para especialistas, o momento é de construir uma “infraestrutura ética” para a inteligência artificial: uma combinação de cultura organizacional, políticas internas e supervisão técnica que garanta o uso seguro e confiável da tecnologia.

Mais do que uma tendência tecnológica, a IA agora é tratada como um elemento de soberania e competitividade nacional. O relatório também alerta que a falta de padronização e regulamentação pode limitar o crescimento sustentável do ecossistema de inovação no país, especialmente em setores críticos como finanças, energia e saúde.