Google diz que Brasil precisa avançar como produtor de IA, não só consumidor

Google alerta que o Brasil precisa investir em pesquisa, talentos e infraestrutura para se tornar produtor de IA, não apenas consumidor de tecnologias importadas.

NEGÓCIOS

Rayan Dores

10/2/20252 min read

Nos últimos anos, o Brasil se consolidou como um dos maiores mercados consumidores de tecnologias digitais e soluções baseadas em inteligência artificial. Ferramentas de busca, tradutores automáticos, assistentes virtuais e modelos generativos já fazem parte da rotina de milhões de brasileiros. No entanto, segundo o Google, o país ainda precisa dar um passo crucial: deixar de ser apenas consumidor e se tornar também produtor de IA.

Durante uma conferência recente realizada em São Paulo, executivos da empresa apontaram que a demanda crescente por soluções de IA na América Latina abre uma oportunidade única para o Brasil se posicionar como hub regional de inovação. Para isso, porém, é necessário acelerar investimentos em três frentes principais:

  1. Pesquisa e desenvolvimento (P&D): O país precisa estimular universidades, centros de pesquisa e startups a trabalharem em conjunto com o setor privado. Sem investimento estruturado em P&D, a dependência de modelos estrangeiros se perpetua.

  2. Capacitação de talentos: Apesar de contar com uma das maiores comunidades de desenvolvedores do mundo, a formação em IA e ciência de dados ainda é desigual no Brasil. O Google defendeu programas mais robustos de capacitação, bolsas de estudo e incentivos para evitar a evasão de talentos para o exterior.

  3. Infraestrutura tecnológica: Avançar como produtor de IA exige investimentos em data centers, chips e conectividade. Essa base é fundamental para o desenvolvimento de modelos locais capazes de atender às especificidades da realidade brasileira.

Os representantes também destacaram o papel das políticas públicas nesse processo. Segundo eles, regulações equilibradas podem atrair investimento internacional, desde que ofereçam segurança jurídica sem travar a inovação. O exemplo citado foi o debate sobre a futura lei de IA no Brasil, que ainda está em andamento no Congresso.

A mensagem central foi clara: o Brasil não pode se limitar a consumir tecnologias importadas, mas precisa criar condições para desenvolver suas próprias soluções. Isso significaria não apenas ganhos econômicos, mas também maior autonomia estratégica em áreas sensíveis, como saúde, educação, mobilidade urbana e gestão pública.

Para empresas, startups e formuladores de políticas, o recado do Google funciona como um chamado à ação: o futuro da IA no Brasil dependerá da capacidade de transformar o país em produtor ativo de inovação — e não apenas em um cliente das grandes big techs globais.